Data centers: o crescimento no Brasil e os desafios para o setor elétrico

Reunindo vantagens como localização estratégica, ampla disponibilidade territorial, abundância de fontes renováveis e crescente demanda por serviços de computação em nuvem, o Brasil tem se consolidado como um destino atrativo para investimentos em data centers.

Mas, afinal, o que são os data centers, por que eles são tão essenciais no mundo digital atual? E quais os principais desafios enfrentados para garantir sua operação em larga escala, especialmente no que diz respeito à infraestrutura elétrica?

O que é um data center?

Um data center é uma instalação física projetada para abrigar sistemas computacionais essenciais, utilizados por organizações e empresas para armazenar dados críticos e executar aplicações estratégicas. Os componentes-chave do data center incluem roteadores, switches, firewalls, sistemas de armazenamento e servidores.

Essa tecnologia suporta uma ampla gama de funções e serviços corporativos, como armazenamento e backup de dados, compartilhamento de arquivos, serviços de comunicação, além de operações complexas como aprendizado de máquina e inteligência artificial.

Qual a importância de um data center?

Devido à sua função de armazenar, gerenciar e proteger dados e aplicações, os data centers tornaram-se um recurso fundamental para o suporte de TI das empresas. Eles garantem a continuidade dos serviços digitais, oferecendo alta disponibilidade, desempenho e segurança para sistemas essenciais ao negócio.

Além disso, os data centers viabilizam operações como backup de informações, hospedagem de aplicações, comunicação corporativa, análise de dados, aprendizado de máquina e inteligência artificial. Em um mundo cada vez mais conectado, sua presença é estratégica para manter a competitividade e a resiliência das organizações.

Data Centers em expansão no Brasil

Segundo dados do Ministério de Minas e Energia (MME), o setor apresentou crescimento atípico na demanda por fornecimento de energia, com projeções que indicam uma carga máxima de até 9 GW até 2035, considerando 22 projetos registrados em estados como São Paulo, Rio Grande do Sul, Ceará, Rio Grande do Norte e Bahia.

A operação contínua de servidores (24 horas por dia) exige volumes significativos de energia não apenas para processamento de dados, mas também para refrigeração e suporte à infraestrutura. Estima-se que data centers representam entre 1% e 2% do consumo global de eletricidade, percentual que tende a crescer com a ascensão da inteligência artificial (IA) e da computação em nuvem.

Diante dessa perspectiva de expansão, o estado de São Paulo concentra os maiores investimentos e esforços para viabilizar a integração dessas novas cargas ao sistema elétrico. Desde 2023, a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) tem conduzido estudos técnicos para identificar alternativas à expansão da malha de transmissão. Um desses estudos, concluído em fevereiro de 2024, apontou soluções para reforçar a confiabilidade do sistema na região metropolitana da capital, com foco em atender a uma demanda adicional estimada em 500 MW. Em dezembro do mesmo ano, novas análises indicaram a necessidade de reforços nas redes das regiões de Campinas, Jundiaí e Bom Jardim, liberando até 1.000 MW para novos empreendimentos.

Embora São Paulo concentre a maior parte das iniciativas, há também um movimento crescente de descentralização, com novos projetos surgindo em outras regiões. Essa expansão territorial impõe desafios adicionais, como a disponibilidade de terrenos adequados, acesso confiável à energia e infraestrutura de conectividade robusta. A escolha de localizações fora do eixo Sudeste passa a considerar a estabilidade do fornecimento elétrico e os custos associados, aspectos essenciais para a competitividade dos data centers no contexto da IA.

Data center SPO1, localizado na cidade de São Paulo – Foto: Elea Data Centers

Regulação e planejamento energético

O crescimento acelerado do setor também demanda aprimoramentos regulatórios. Ainda sem uma regulação específica, os data centers operam sob normas gerais e boas práticas exigidas pelos clientes finais, notadamente grandes empresas globais de tecnologia. A escassez de mão de obra especializada é outro ponto crítico, exigindo esforços conjuntos entre setor produtivo, academia e instituições para suprir a crescente demanda por profissionais qualificados.

O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) já acompanha com atenção esse novo perfil de consumo. No Plano da Operação Elétrica de Médio Prazo do SIN (PAR/PEL) de 2024, o órgão reforçou a importância de discutir os impactos dos data centers sobre o sistema elétrico, avaliando temas como conexão, modelagem, regulação e necessidade de maior flexibilidade operacional.

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