Não é segredo para ninguém: a manutenção de equipamentos é essencial para qualquer tipo de empreendimento, devendo ser uma prática constante. Falhas no funcionamento de dispositivos levam à interrupção total ou parcial de serviços e entregas, e a depender do tipo de atividade exercida pela companhia, os danos podem ter grandes dimensões e graves consequências. É o caso das subestações de energia.
Pensando nisso, o Instituto O Setor Elétrico elaborou este artigo abordando os principais conceitos e pontos de atenção quando o assunto é a manutenção de subestações. Boa leitura!
A importância das subestações
Antes de elencarmos as melhores práticas para que a manutenção de uma subestação seja correta e eficaz, é necessário entendermos a importância deste tipo de instalação.
As subestações são componentes essenciais para o bom funcionamento do nosso sistema elétrico, uma vez que reúnem um conjunto de equipamentos responsáveis por elevar ou rebaixar a tensão da energia elétrica que chega a residências e estabelecimentos.
Tais centrais de distribuição garantem que a eletricidade percorra com tranquilidade – sem interrupções e com poucas perdas – todo o caminho da geração à instalação de consumo.
Para tanto, um item indispensável a uma subestação é o transformador. Este elemento possui a capacidade de transmitir a energia elétrica de um circuito para o outro através de campos magnéticos, transformando os valores de tensão e de corrente ao mesmo tempo.
Por que a manutenção de subestações deve ser levada a sério
Vamos a um exemplo real do porquê é tão necessário não poupar esforços quando o assunto é manutenção de subestações?
No início de dezembro de 2022, a diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) decidiu manter a multa de R$ 5,7 milhões aplicada ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) após as falhas de procedimento que contribuíram para o apagão que durou mais de 20 dias no estado do Amapá. O caso, que ocorreu em novembro de 2020, gerou prejuízos para cerca de 765 mil consumidores.
O blecaute aconteceu após um incidente que resultou no incêndio de dois transformadores da subestação pertencente à concessionária Linhas de Macapá Transmissora de Energia (LMTE). A Aneel afirma que o episódio foi causado por falhas de manutenção.
A subestação possuía, ao todo, três transformadores, sendo que um deles se encontrava desligado há quase um ano (a fim de ser reparado). Com o incêndio, restou apenas um transformador, que não suportou a carga excessiva.
E qual é a forma adequada de se fazer manutenção de subestações?
Mesmo situações de menor gravidade do que a citada acima podem gerar um grande impacto em questões como segurança dos colaboradores, índices de produtividade e ganhos financeiros. Por isso, a manutenção de uma subestação deve ser vista como um investimento em algo indispensável, e não como um gasto desnecessário.
Certo, mas por onde começar? Antes de mais nada, é necessário enfatizar que este tipo de atividade deve ser feito por profissionais especializados, pois, como já constamos por aqui, manutenção de subestações é algo muito sério! Se você é engenheiro e deseja se qualificar para atuar com esse tipo de serviço, é necessário buscar treinamentos atualizados e ministrados por quem tem experiência no assunto, abordando os três níveis de manutenção: preditiva, preventiva e corretiva.
Conheça um pouco mais sobre o conceito de cada uma delas a seguir.
Manutenção preditiva de subestações
Para que a manutenção de uma subestação seja realizada corretamente, não é necessário – e nem um pouco recomendado – que os equipamentos apresentem algum problema para que só então ocorram os devidos reparos. Afinal, devemos evitar ao máximo que as atividades das subestações sejam suspensas devido ao mau funcionamento de algum item presente na instalação. Pensando nisso, torna-se indispensável a realização da manutenção preditiva.
Através de análises específicas e do monitoramento regular de equipamentos e sistemas, a manutenção preditiva promove a avaliação das condições gerais da subestação, possibilitando o cálculo da probabilidade de um equipamento apresentar falhas – isso sem a necessidade de paralisar as atividades da instalação.
Durante a execução deste tipo de manutenção, são coletadas amostras dos equipamentos presentes na subestação. Após serem analisados, esses materiais possibilitam estabelecer com que frequência surge um determinado problema no dispositivo examinado.
A manutenção preditiva é considerada uma extensão da preventiva, da qual falaremos a seguir.
Manutenção preventiva de subestações
Como o nome já indica, manutenção preventiva é aquela realizada para prevenir e reduzir possíveis falhas nos equipamentos de uma subestação. Dessa forma, os ajustes são feitos antes de qualquer problema surgir.
Você deve ter notado que a definição da manutenção preventiva é bem semelhante à preditiva, certo? Sendo assim, qual é a diferença entre elas?
Basicamente, o que diferencia essas duas formas de antever contratempos em subestações é a maneira com a qual tais práticas são sistematizadas.
Na manutenção preditiva, as ações de manutenção são baseadas na inspeção sistemática e na observação frequente das modificações dos parâmetros ou condições de desempenho das máquinas e equipamentos.
Na manutenção preventiva, o cronograma de ações é feito baseado em períodos – sem avaliar a estrutura e o estado da máquina.
Como alguns exemplos de manutenção preventiva de subestações, podemos citar:
- Inspeções periódicas dos equipamentos;
- Testes e ensaios, que possibilitam se antever às falhas dos equipamentos e saber se eles estão operando em condições ideais;
- Substituição de peças que, devido ao desgaste e ao tempo de uso, tendem a não operar de forma 100% satisfatória;
- Limpeza e lubrificação dos equipamentos e de seus componentes.
Para uma manutenção completa, é necessário haver uma inspeção minuciosa dos itens presentes nos principais equipamentos de uma subestação, como os transformadores de tensão e corrente, que exigem que se verifique questões como vazamentos de óleo isolante e as condições e desempenho das buchas e do sistema de resfriamento.
Outro componente de manutenção obrigatória são os disjuntores. No caso deles, é necessário conferir questões como o nível de corrosão e o estado das porcelanas, além da verificação do sistema de acionamento e das caixas de interligações.
Já para os capacitores, deve-se atentar para práticas como a medição de capacitância e da corrente de desbalanço, além das questões básicas necessárias a todos os equipamentos, como a verificação de possíveis vazamentos, deformações e desgastes dos componentes.
Com a realização de ações como as listadas acima, há a garantia de uma drástica redução de falhas e imprevistos.
E como já citamos, a manutenção preventiva é feita em períodos pré-estabelecidos, independentemente do estado dos equipamentos. Por isso, lembre-se de respeitar o intervalo de tempo determinado, levando sempre em consideração as indicações dos fabricantes e outras questões que possam afetar o desempenho da subestação, como as variáveis climáticas de temperatura e umidade na região em que a instalação se encontra, por exemplo.
De modo geral, recomenda-se que a manutenção preventiva seja realizada ao menos uma vez por ano.
Manutenção corretiva de subestações
Finalizando a nossa lista, temos a manutenção corretiva, a forma de reparo mais crítica dentre as citadas. Ela tem como base a necessidade de se corrigir falhas ou anomalias já apresentadas pelos equipamentos e, em muitos casos, é realizada sem planejamento e com máxima urgência – uma vez em que é preciso uma substituição imediata e ágil de peças e dispositivos danificados, gerando o mínimo de impacto possível ao funcionamento da subestação.
Quando não realizada de forma planejada – ou seja, quando não é resultado de um problema detectado durante as manutenções preditivas e preventivas, mas sim de um imprevisto ou acidente –, a manutenção corretiva gera um gasto financeiro elevado, e representa um risco muito maior para os colaboradores que atuam na subestação e para o pleno fornecimento de energia elétrica.
Tendo isso em vista, não restam dúvidas de que investir efetivamente em ações de prevenção de riscos e análise de equipamentos deve ser prioridade máxima ao se gerenciar uma subestação de energia. Manutenções rigorosas, eficazes e periódicas destas instalações tão indispensáveis representam um grande gesto de responsabilidade e comprometimento com o bem-estar de trabalhadores, de empresas e de toda sociedade à nossa volta.
Instituto O Setor Elétrico oferece especialização de qualidade em manutenção de subestações e de transformadores de potência
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Reunindo conhecimentos teóricos e práticos, as aulas não se limitam aos conceitos básicos. Nelas, você conhecerá as características fundamentais dos equipamentos e das subestações, além de ensinamentos atualizados sobre proteção, operação e manutenção dos transformadores e das instalações.
Os treinamentos são realizados de forma online e ao vivo através da plataforma Zoom, o que permite maior interação entre os participantes e os professores. E, para comodidade dos alunos, os encontros são gravados e disponibilizados, após o encerramento do curso, pelo período de 1 ano!
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